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quinta-feira, abril 06, 2017

Displicência inadmissível

Empatámos com o Estoril (3-3) e estamos na final da Taça de Portugal. A segunda parte da frase anterior é tudo o que de positivo teve o jogo de ontem. Depois do triunfo por 2-1 na Amoreira, esperava-se que a nossa qualificação fosse selada de forma tranquila. Puro engano! De tal maneira que nos arriscámos mesmo a ter sofrido uma das maiores humilhações da nossa história. Se há jogos em que não ganhamos e eu saio deles relativamente satisfeito, outros há em que conseguimos o objectivo e eu saio tão furioso como se tivéssemos perdido. Foi o caso de ontem.

O Rui Vitória já deveria ter percebido que, depois do que se passou no Algarve na Taça da Liga, há limites para o risco. Pode vir com as justificações todas que quiser, mas a muita da culpa do que se passou ontem é dele. Manter apenas dois titulares (Lindelof e Samaris, o Rafa é um titular intermitente) numa meia-final da segunda competição mais importante do nosso calendário foi obviamente um erro, que nos poderia ter custado muito caro. A tendência repete-se invariavelmente: muitas alterações na equipa dão (quase) sempre errado, não só porque a maior parte dos jogadores não tem ritmo, como também porque dá a sensação de desvalorizar o adversário. E toda a gente, dentro e fora de campo, percebe isso. Já assim foi logo no primeiro jogo desta edição da Taça (curiosamente também no Estoril, embora naquele caso justificada) e repetiu-se ontem. Com o Rafa e o Zivkovic a pontas-de-lança (total de dois golos, ambos do português, em toda a época), jamais se poderia esperar uma goleada, ainda para mais porque já se sabe que o Rafa isolado nunca marca (ontem, esteve para aí pela 5ª vez – contabilidade generosa – só com o guarda-redes pela frente e eu nem senti ponta de emoção, porque já calculava o desfecho) e com a altura de ambos era escusado fazer cruzamentos. O meu receio era que o Estoril marcasse primeiro, dado que isso iria inevitavelmente pôr-nos nervosos. E isso aconteceu aos 31’ num excelente remate de fora da área do Bruno Gomes. Felizmente empatámos dois minutos depois, num grande frango do Luís Ribeiro, que falhou um soco na bola e proporcionou depois ao Carrillo um remate fácil. Até ao intervalo, o Júlio César ainda voou num livre para evitar novo golo adversário.

Na 2ª parte, fomos nós a sair com a bola, mas nove segundos(!) depois ela já estava dentro da nossa baliza. Eu repito: nove segundos depois! Erro crasso do André Almeida num passe lateral e o Carlinhos rematou rasteiro, com o Júlio César a parecer-me que poderia ter feito algo mais. Ou seja, logo no reinício, a eliminatória ficou empatada. Incrível! No entanto, reagimos bem e o Zivkovic e o Cervi tiveram duas perdidas enormes ao permitirem a defesa do guarda-redes quando só o tinham pela frente, depois de dois cruzamentos da direita. Aos 54’, porém, o Zivkovic estreou-se finalmente a marcar pelo Benfica, num golão de fora da área, com um remate em arco de pé esquerdo. O jogo estavam completamente partido e eu esperei que, com a entrada do Pizzi para o lugar do (novamente lesionado) Filipe Augusto (a propósito, há uma grande diferença entre este e o Danilo, certo…? E o André Horta, porque é que fica na bancada, enquanto este, digamos, joga…?!), as coisas acalmassem. Mas o mal já estava feito e, ao não conseguirmos estancar os ataques do Estoril, era impossível ter tranquilidade. Estivemos, mesmo assim, à beira de nos colocarmos finalmente em vantagem com um chapéu do Carrillo ao poste, mas também vimos o Júlio César a negar o golo ao Estoril por duas vezes(!) na mesma jogada. Como as coisas estavam, era óbvio que tinha que entrar o Jonas e o brasileiro, só precisou de três minutos em campo para nos colocar à frente do marcador aos 72’, num desvio de pé direito depois de uma assistência do Cervi. Erradamente pensei que as coisas estavam finalmente resolvidas, mas esqueci-me que o Lisandro estava na defesa e, num mau alívio de cabeça deste, o Estoril entrou novamente na discussão do apuramento aos empatar aos 78’ num bis do Bruno Gomes. Até final, foi uma tremedeira desgraçada da nossa parte, a não conseguirmos ter posse de bola e o Estoril a ter uma grande oportunidade já à beira do 90’, num cabeceamento do Kléber que embateu nas costas do Grimaldo quando me pareceu que ia na direcção da baliza, com o Júlio César batido.

Sou absolutamente contra assobiar-se jogadores do Benfica durante os jogos, mas a equipa merecia uma tremenda vaia no final. Aquilo não foi nada e estivemos mesmo perto de uma das piores derrotas de sempre. Sofremos três golos em casa de uma equipa que luta para não descer! Eu repito: sofremos três golos do 15º classificado do campeonato! Os jogos nunca estão ganhos à partida: mentalizem-se disto! O que se viu ontem foi, acima de tudo, uma falta de respeito por todos nós, particularmente os 25.010 que foram à Luz. E isso é inadmissível!

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